DESCUBRA QUEM É O DEPUTADO GAY DA DIREITA CONSERVADORA
Nosso Blog publica na integra a entrevista do Deputado Douglas Garcia que defende o Presidente Bolsonaro é membro da Nova Direita e assumidamente gay e tem causado muita polêmica com a defesa de pontos de vistas que contrariam a esquerda radical.
Reproduzimos aqui na integra a reportagem do Jornal El País O deputado estadual Douglas Garcia, 25, é um homem
que convive com contradições.
Assumiu-se gay no início de abril, faz
declarações transfóbicas e apoia Jair Bolsonaro, um presidente conhecido por
suas declarações homofóbicas que, no entanto, não o impediram de receber votos
do público LGBT.
Ele é a favor de privatizações e cortes no orçamento estadual,
mas é egresso do Projeto Guri, que quase foi fechado pelo goverrnador João
Doria (PSDB). Nascido na comunidade conhecida como Buraco do Sapo, em Americanópolis,
zona sul de São Paulo, Garcia coleciona polêmicas mesmo antes de ser eleito em
2018 com 74.351 votos. Em fevereiro daquele ano o jovem militante do movimento
Direita São Paulo, considerado mais conservador do que o Movimento Brasil
Livre, tentou colocar seu bloco na rua durante o Carnaval. Criador do Porão do
DOPS, o jovem quis homenagear no desfile um dos mais notórios centros de
tortura da época da ditadura. A Justiça não deixou. “Nossa ideia era contrapor nosso bloco ao bloco
Soviético, que homenageava um regime que matou milhões de pessoas”,
diz. O deputado recebeu o EL PAÍS em seu gabinete.
Pergunta. Você teve um comportamento transfóbico na
Assembleia, ofendendo indiretamente a deputada trans Erica Malunguinho, do
PSOL. Você se arrepende disso?
Resposta. Eu pedi desculpas pela forma, mas jamais vou me
desculpar pela ideia. Continuo achando que transexuais e travestis não podem
utilizar banheiro feminino. Talvez a forma tenha sido muito excessiva, por isso
tive a humildade de pedir desculpas. Me dou bem com os parlamentares da Casa,
mesmo que eles sejam de posicionamento extremamente diferente do meu. Mas minha
ideia continua a mesma.
P. Porque decidiu se assumir gay?
R. Depois da discussão com a Malunguinho, um portal disse
que eu ameacei tirar ela a tapas do banheiro da Alesp. Não citei nem ela nem o
banheiro da Alesp. Foi uma hipérbole. Aí essa informação mentirosa chegou para
alguém que já se relacionou comigo, e alguns rapazes vieram à minha página e
ameaçaram levar minha condição de homossexual a público. Eu nunca tive problema
com minha sexualidade, mas, se for para levar a público, não quero minha
intimidade sendo revelada por terceiros.
P. Como vê o posicionamento de Bolsonaro com relação a gays?
Ele já disse preferir que um filho morresse do que se declarasse gay
R. O
Bolsonaro é um militar. Como esperam que um homem com 64 anos, que viveu mais
da metade da vida no Exército, um ambiente viril, venha falar sobre sexualidade
com total conforto?
P. Mas existe um abismo entre “total conforto” e a opinião
dele, não?
R. Eu
votei no Bolsonaro e apoio a política dele porque eu quero um presidente, não
um namorado. Ele já veio a público várias vezes dizer que o único
problema dele é o material que é distribuído nas escolas. Essa fala que você
mencionou é de um vídeo antigo. Entre votar em Bolsonaro - que defende Escola
sem Partido, posse e porte de arma de fogo, é contra ideologia de gênero e
aborto, e votar no Fernando Haddad, claro que sou Bolsonaro. Não me incomodo com o pensamento dele
com relação aos gays porque quero que ele faça uma política para o brasileiro
em geral. Ele não está preocupado com relação à sexualidade das
pessoas, e sim com a reforma da Previdência.
P. Como enxerga a situação do gay no Brasil?
R. Como
algo normal. Os heterossexuais e os gays vivem normalmente no Brasil. "Ah,
o Brasil é um país homofóbico". Apenas em 8% dos crimes de homicídio são
identificadas as motivações. Então como conseguem dizer que as mortes de LGTBs
são por homofobia? A matemática não fecha. Existem homofóbicos no Brasil?
Existem. Mas não é por isso que o Brasil é um país homofóbico. O mesmo com
relação aos racistas. Não é porque temos brasileiros racistas que o país é
racista. A condição do gay é igual à dos heterossexuais.
P. Mas muitos LGBTs são vítimas de violência aqui, somos um
dos países que mais matam LGBTs no mundo...
R. A violência no Brasil é democrática. Existem gays
vítimas de homofobia?
Sim. Mas esses casos não podem ser a regra, são a
exceção. Não se pode querer dar uma proteção a mais para um grupo quando toda a
população precisa de socorro. A violência aqui alcança negros, brancos,
héteros, gays, homens, mulheres...
P. A chance de um jovem negro ser assassinado é 2,5 vezes
maior do que a de um jovem branco...
R. Maravilha, vamos entregar a legitima defesa para a
população. Ai a gente consegue diminuir um pouco a violência dentro das
favelas.As armas podem
ajudar os gays a combaterem a violência homofóbica. Não vejo outra opção melhor
do que combater a violência anulando ela em sua fonte
P. Mas você fala em armar a população em um momento no qual
vários países, dentre eles os Estados Unidos, discutem medidas para restringir
o acesso às armas. Você tem algum exemplo de país onde armar a população
funcionou para reduzir a violência?
R. Você tem algum case de um país onde o desarmamento
aumentou a segurança das pessoas? Não. Todos os países onde o desarmamento
virou lei, principalmente na Europa, a população morreu de forma avassaladora e
o número de homicídios aumentou. [Na realidade, a maioria dos países europeus
proíbe a posse e porte de armas, e todos têm taxas de homicídio inferior à
brasileira]. Se os loucos podem se armar, porque a população não pode se defender?
O bandido pensará duas vezes
antes de assaltar alguém se souber que a população está protegida.
P. Jair Bolsonaro, militar treinado, foi assaltado em 1995
quando era deputado. Ele estava armado e levaram sua pistola. À época ele disse
que se sentiu “indefeso”. Como o cidadão comum vai conseguir se proteger?
R. O que nós estamos discutindo é a liberdade das pessoas
poderem se defender. O direito à vida e à defesa não pode ser questionado, é
absoluto. Não podemos tirar da população seu principal meio de proteção. Se
aconteceu com o Bolsonaro, não é regra. A população precisa de teste
psicológico e treinamento para poder portar arma de fogo.
P. Pretende atuar com projetos para dar segurança para a
população gay?
R. Não,
pretendo fazer um mandato para todos. Não tenho a menor preocupação com um
grupo específico, e sim com a totalidade da população. Fui votado por todos.
Ricos, pobres, LGBTs, héteros...
P. O senhor acha que uma arma pode combater a violência
homofóbica?
R. Se o homofóbico vai para as ruas preparado para agredir e
violentar, o gay precisa ter direito à legítima defesa, assim como a mulher
para poder combater o estuprador. É uma questão de equidade na defesa. Então
sim, as armas podem ajudar os gays a combaterem a violência homofóbica. Não
vejo outra opção melhor do que combater a violência anulando ela em sua fonte.
Você não acaba com a violência via política de conscientização e direitos
humanos.
P. Nazismo é de esquerda, como afirmaram Bolsonaro e seu
chanceler?
R. Para mim não. Eles defendiam abertamente a reforma
agrária e estatização de empresas, têm muito mais similaridades com a esquerda
do que conosco. Não quer dizer que era um regime de esquerda. Mas o nazismo e o
comunismo andaram de mãos dadas na Segunda Guerra, Stálin e Hitler chegaram a
fazer um pacto de não agressão.
P. A defesa de pautas por direitos para a comunidade LGBTs é
associada às bandeiras da esquerda. Qual o papel de um político gay de direita
no país? Acha que mais parlamentares de direita não se assumem gays por receio
de repercussão ruim?
R. É verdade que a bandeira LGBT é frequentemente associada
à esquerda. Mas veja: aqui na Alesp, quem é o único deputado assumidamente gay?
Eu. Na bancada do PT tem algum deputado gay? Na bancada petista do Congresso?
Não. Na Câmara Municipal, fora o Fernando Holiday, tem algum outro vereador
gay? Não. Depois que eu me assumi gay o número de gays que apoiam o Bolsonaro e
me procuraram para me parabenizar foi enorme. Acredito que na direita tem mais
gay do que na esquerda. Mas as pessoas de direita não levam a orientação sexual
em conta ao votar, votam nas ideias. Por isso pra gente não vale a pena criar
um movimento LGBT de direita, categorizar assim.
P. Em que áreas pretende atuar com mais força na Assembleia?
R. Direitos Humanos. Sou titular da Comissão de Direitos
Humanos e forte candidato à presidência, me falta um voto para vencer.
P. Por que esse interesse na área?
R. Acredito que no Brasil os direitos humanos foram muito
deturpados. Quero fazer uma política de direitos humanos para humanos direitos.
Quero atender as vítimas da violência e da criminalidade. Quero atender as
famílias que morrem nas mãos de bandidos e as famílias de policiais militares
mortos em serviço. E defesa das mulheres, quero muito trabalhar com isso.
Podemos criar centros de formação de autodefesa para mulheres.
P. Você acha que os movimentos LGBTs não conquistaram nada
para a comunidade?
R. Absolutamente nada. O que os movimentos LGBTs querem fazer com os gays é
transforma-los em semideuses.
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